Foi no ano passado que, cansada de a ver quase, quase abandonada, me atirei com unhas e dentes a ela!
Com uma vida de saltimbanco, sempre andando de país em país, é natural que só a casa da cidade, onde vamos descansar os ossos, tenha os carinhos e cuidados necessários para se tornar num "lar".
Existe no entanto outra, tão ou mais bonita que a de Lisboa mas que, pelas vicissitudes desta vida itinerante, sofre terrivelmente de um mal chamado "quase abandono".
Assim sendo, ali estava ela, magnifica com as suas paredes brancas, chão de tijoleira, a lareira apagada, terraço soalheiro e canteiros vazios...
No Verão passado, enquanto esperava pelo visto que teimava em não chegar, e cansada de a ver despida, atirei-me com unhas e dentes à nossa casa da Golegã.
Precisava de me entreter e de manter a cabeça e as mãos ocupadas.
Muitas das coisas que se amontoavam no sotão de Lisboa (coisas de casas que fomos tendo, fazendo e desmontando pelo mundo, mas que não tinham cabimento na casa da cidade), foram transportadas para a Golegã e, curiosamente, foram encaixando e dando vida à nossa casa de campo.
E de repente, umas coisas sugeriam outras, e outras, e outras...
E foi destas coisas, que as coisas me sugeriam, que começaram a surgir as ideias; uma cama de palettes (pintadas e com um colchão velho, mas com uma forra nova) para o terraço, uma mesa feita de caixotes de fruta (pintados e pregados uns aos outros), uns voiles antigos que com uns apliques ficaram novos, uns cortinados que se transformaram em almofadas, uma palette que se transforma em canteiro de parede, uns restos de juta que junto com outros bocados de passadeiras se transformaram num tapete novo...e foi um nunca mais acabar de ideias!
As amigas foram as primeiras a encomendar; timidamente umas, outras mais afoitas "podias fazer-me umas almofadas daquelas", "gostava tanto de ter uma colcha assim" e a coisa foi andando, até chegarmos aqui.
Já tudo foi inventado, é dificil ser-se original; acabamos sempre a ir buscar ideias aqui e ali, e a combiná-las de uma forma que nos parece fazer sentido no momento.
Por base temos a utilização de tecidos, materiais tipicamente portugueses e outros que vêm de longe, de terras por onde vamos passando.
Todas as peças são concebidas manualmente, sendo por isso exemplares únicos.
A partir de hoje elas aqui estarão expostas, e dísponiveis para venda.
Espero que gostem.
Sexinho